quarta-feira, 19 de março de 2008

REPORTAGENS

Confira a reportagem do Repórter ECO sobre a Oficina-escola realizada no dia 02.11.2008

REPORTAGENS

Confira a reportagem do Repórter ECO da TV Cultura sobre a Oficina Arte e Luz da Rua, realizada no dia 02.11.2008, assunto: Arte e ecologia - clique aqui e confira a reportagem!

www.tvcultura.com.br/reportereco

2/11/2008 - Arte e Ecologia

Moradores de rua resgatam o próprio destino por meio da arte de transformar bagaço de cana-de-açúcar em luminárias.

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Tãnia Zarbietti, paulista, copeira. João do Nascimento, pernambucano, 53 anos. Aristeu Moreira, paranaense, carregador de cargas que já viveu na Bahia. Pelo centro de São Paulo eles caminham para buscar a matéria-prima para o trabalho que realizam hoje. As ruas os três conhecem bem porque já viveram nelas. É dia de feira no bairro do Canindé e nas barracas de Caldo de Cana está o bagaço, sobra do caldo apreciado por muita gente.
Alguns feirantes evitam que o bagaço vá para os aterros sanitários por entregar o resíduo para os integrantes da Oficina Escola Arte e Luz da Rua.
Na antiga casa perto da Estação da Luz que o bagaço da cana é transformado. Os vinte participantes da Oficina Escola desfiam,cozen e desfiam o bagaço.
Aos 60 anos, o seu Valdemir da Silva descobriu que aqui também se produz outro tipo de riqueza.
Valdemir José da Silva/artesão -
"É a educação. É ensinar as pessoas a viver com amor, um com outro, tratar bem, não mentir, não roubar, não destruir, não pensar em coisas que não devem".
O pernambucano Severino da Silva, ex metalúrgico, desempregado que foi parar na rua e que já viu tanto desperdício de vários tipos de sobras que até dor no coração sentia, conta que está aliviado.
Severino da Silva - artesão:
" É um retorno ao mercado de trabalho. Isso aqui traz mais conforto, mais segurança, um objetivo mais seguro para ganhar alguma coisa para viver, para se manter, para ficar livre de estar na rua perambulando".
Carmem da Jesus/artesã :
" Eu esqueço das coisas ruins lá de fora, não fico pensando me coisas ruins, fico se transformando trabalhando aqui. Então eu gosto".
O trabalho, que já soma oito anos, é coordenado pela alemã Hedwig Knist, conhecida como Edwiges, agente da Pastoral do Povo da Rua, ligada à Igreja Católica.
Hedwig Knist/coordenadora do trabalho :
" A gente percebe dois aspectos. Um é o de reaproveitar, dar uma nova forma ao que se tornaria lixo. E a gente trabalha com moradores de rua, que se você for fazer uma paralela, é o que sobrou da sociedade. Já foi espremido, deu o que tinha que dar, tá pronto para jogar fora. E aí a gente percebe que não é bem assim. As pessoas, tanto quanto o bagaço da cana, podem ser recicladas, ganhar uma nova forma, um novo valor, um projeto de vida".
O miolo do bagaço, tratado e colorido, fixado em estruturas de arame resulta nestas luminárias, vendidas principalmente em feiras de artesanato. Quatrocentas peças são produzidas por mês. Os artesãos recebem ajuda de custo de 5 reais a cada dia trabalhado. Quase todos são beneficiários de parcerias com os governos municipal e estadual que rendem cerca de um salário mínimo por mês.

Autor:
Editora-Chefe: Vera Diegoli. Reportagem: Cláudia Tavares. Pauta. Marici Arruda. Produtor : Maurício Lima. Supervisor Geral: Washington Novaes.

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Roda da Cidadania agrega valor a trabalho social

Fotos: Dayan de Castro
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Roda da Cidadania comercializa produtos feitos por organizações sociais

Por Débora Rangel

Fotos Dayan de Castro

Quem nunca esticou o pescoço para as coisas bonitas exibidas pela vitrine que fica no cruzamento da Avenida São João com a Rua Líbero Badaró? Há ali uma loja, bem instalada no térreo de um prédio antigo, com luminárias, tapetes, marcadores de página, as cobiçadas girafinhas de pano paulistanas, cadernos, almofadas, caixinhas de todo o tipo e outros artesanatos. É a Roda da Cidadania, uma loja-escola da Secretaria Municipal de Assistência e Desenvolvimento Social (Smads), que capacita organizações para o trabalho e a inserção produtiva de seus usuários, com ações de geração de renda que favoreçam a conquista da autonomia e inclusão social.

Todo o dinheiro da venda dos produtos é repassado integralmente às organizações sociais conveniadas com a Smads, que os confeccionaram. Assim, todo o artesanato vendido não apenas ornamenta residências e escritórios, como também ajuda diretamente pessoas que necessitam e buscam autonomia. “O objetivo da loja não é só a comercialização e sim a geração de renda pela capacitação dos artesãos”, diz o técnico do Programa Roda da Cidadania, Luís Gustavo Leme Cantillana.

Algumas pessoas das organizações são treinadas pela loja-escola para aprender inclusive técnicas de venda. “Aqui nós capacitamos em técnicas artesanais e também ensinamos como vender, expor o produto, como arrumar uma vitrine, fazer o controle do caixa e estoque”, explica o técnico. A pessoa também aprende economia solidária e o que é empreendedorismo.


Beleza que põe a mesa

Produtos bem acabados, cores harmonizadas, objetos que revelam criatividade e bom gosto. Tudo exposto com graça e vendido por pessoas atenciosas e agradáveis. É artesanato de qualidade e beleza que põe a mesa, como diriam nossas avós.

Na maioria das vezes, a pessoa chega a uma das organizações conveniadas encaminhada por um albergue, principalmente os que possuem oficinas produtivas e seus técnicos percebem o potencial da pessoa, sua habilidade manual e vontade de se auto-sustentar. Um caso é o Boracéa.

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O artesanato feito é certificado com o selo Roda da Cidadania

Entre as organizações da rede pode-se mencionar o Arte e Luz da Rua, que recebe as pessoas que foram inicialmente acolhidas pela Casa de Oração. No Arte e Luz da Rua, elas aprendem a fazer peças artesanais e começam a produzir para vender na Roda da Cidadania. “Na loja-escola as pessoas terão capacitação teórica e prática para se desenvolverem, damos estímulo a elas. Desenvolvemos mais o trabalho do que a questão social. Ela existe, mas o objetivo é gerar renda”, conta Cantillana.

A Roda da Cidadania forma multiplicadores sociais, pessoas que se aprimoram e voltam ou não para as organizações a fim de ensinar o que aprenderam. “Assim, elas pode se desenvolver e ministrar oficinas, ir para o mercado de trabalho ou vender seus produtos em outros pontos. Fica a critério delas. Ninguém impõe nada”, diz o Luís Gustavo.


História


Até 2004, a proposta do lugar, antes chamado Loja Social, era apenas a de um espaço para expor os produtos das quatro organizações sociais da rede da Smads. Em 2005, com o então secretário Floriano Pesaro, surgiu a proposta de transformá-la em um ponto comercial dos produtos. Segundo o técnico, “antes os artesãos faziam exposição e contatos para os negócios, não havia as oficinas que hoje possibilitam um progresso pessoal aos participantes”. Hoje estão no projeto 18 organizações, com 540 de seus integrantes sendo capacitados pelas oficinas da Roda da Cidadania.

Comprar na Roda da Cidadania traz satisfação pessoal ao comprador e ao artesão, já que um lado é beneficiado com o produto, que tem qualidade certificada e renda indo para endereço social garantido; e o outro tem na atividade uma fonte de renda para sustentar suas casas e famílias. Mudou de nome, mas sua missão ainda é a mesma: uma loja social.


Arte e Luz da Rua ilumina casas e vidas


Fotos: Dayan de Castro
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Luminárias são feitas a partir do bagaço da cana

“Bagaço de cana cozido e aplicado a uma estrutura de arame, transforma não só os materiais como também a vida de um grupo de moradores de rua de São Paulo, na oficina-escola Arte e Luz da Rua”, este é o lema da associação Arte e Luz da Rua, localizada numa antiga casa na região da Luz, no Centro de São Paulo.

Nela, há a produção de luminárias a partir do bagaço da cana, material que não enferruja nem danifica ou desbota, e também possui grande qualidade e resistência. Elas são vendidas na loja-escola da Roda da Cidadania e em feiras independentes espalhadas pela cidade, como a do Center 3, na Avenida Paulista (ver endereço abaixo).

A Arte e Luz da Rua é uma oficina-escola, um lugar, como o próprio nome já diz, para se aprender a fazer as luminárias de uma ponta a outra, ou seja, da coleta dos bagaços de cana em feiras livres à venda das peças prontas. “Aqui nós fornecemos a formação humana para o trabalho”, diz o orientador educacional da Arte e Luz da Rua, Edson Profeta. Os aprendizes também recebem uma bolsa-auxílio, café da manhã, almoço, curso de caligrafia e gravuras e ainda podem usufruir de biblioteca com livros e jornais.

A Arte e Luz da Rua surgiu quando um grupo de pessoas em situação de rua que freqüentava a Casa de Oração resolveu confeccionar luminárias com papel machê e também experimentou fibra de banana e coco, e com o tempo estabilizaram a produção com o bagaço da cana.


Suporte

A Casa de Oração, apoiada pela Pastoral do Povo da Rua, é um espaço onde diversas entidades da região da Luz se reúnem para realizar reuniões de seus grupos de apoio, encontros religiosos e oficinas, sendo que a limpeza e refeições são feitas pelos próprios alunos do Arte e Luz da Rua, em escala de trabalho. O local foi doado pelo cardeal-arcebispo de São Paulo, Dom Paulo Evatisto Arns.

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O bagaço da cana é coletado em feiras livres

A maioria das pessoas atendidas ali saiu de albergues ou moradias sociais, como Tânia de Fátima Zarbietti, que com a falta de dinheiro, a morte dos pais, o desentendimento com a família e uma gravidez inesperada, se viu obrigada a deixar sua moradia em Suzano.

Sem ter para onde ir, Tânia tentou primeiro morar num lugar provisório, mas não deu certo. O único lugar onde poderia ficar era o albergue Portal do Futuro, mas também aí deu tudo errado. E ela retornou para Suzano. Atualmente está no abrigo para mulheres Maria Maria, onde mora com a filha de 11 anos, que estuda em duas escolas. “Não posso ficar com a menina, então ela estuda em duas escolas para eu poder trabalhar”, diz Fátima, que conheceu a oficina-escola através da Casa de Oração, onde é missionária há dois anos. “Eu estava com a auto-estima muito baixa antes de vir para cá. Agora sou feliz, estou num lugar que me dá valor”, disse ela muito emocionada. Hoje, Fátima é responsável pela parte elétrica das luminárias.

Sair sem rumo de sua cidade aconteceu também com Maria Aparecida Silva, que veio de Montes Claros, Minas Gerais, para encontrar com uma prima. Esta, porém, nunca apareceu na rodoviária para buscá-la. “Eu passei a noite na praça até que apareceram uns PMs e me levaram para um abrigo”, ela lembra. Assim como Fátima, Maria também chegou ao Arte e Luz da Rua pela Casa de Oração. Ela atingiu sua independência com seus trabalhos, mora sozinha e recebe o bolsa-aluguel do Governo Municipal. “Tem que ter amor e carinho e mostrar para o cliente o que sabemos fazer”, diz.


Como é feito

O resto da cana é coletado em feiras livres e levado para a Arte e Luz da Rua, onde é tirado o miolo do material. A cana é cozinhada em três latas de soda e lavada em seguida para retirar o líquido.

Após isso, bate-se no liquidificador e a massa obtida é passada para as formas com tintas ou simplesmente permanece na cor natural. Feito isso, a massa é levada ao sol para secar, resultando numa lâmina de textura resistente que irá revestir a estrutura de arame das luminárias. O fio e a lâmpada são instalados por último. Pode se confeccionar também porta-retratos, painéis e caixas de presente com essa lâmina.

Artigo Mari Viana

TV Globo – Jornal Nacional 10.03.2009

Moradores de rua expõem obras na Pinacoteca de São Paulo

Ao todo, são 140 gravuras feitas por moradores de albergues.
Eles dividem espaço com obras de artistas como Brecheret.

Do G1, com informações do Jornal Nacional

A Pinacoteca de São Paulo abriu as portas para mostrar obras de 30 pessoas que moram ou que já moraram nas ruas.

O desenho de uma casa está nítido na memória da infância. Só quando crescemos é que descobrimos que ela é feita tijolo por tijolo, e que somos nós que a construímos. As 140 gravuras expostas na Pinacoteca são de quem não tem casa, gente que vive em situação de rua e que aqui tenta entender os claros e escuros da vida e da arte.

Eles frequentaram oficinas de artes e, agora, dividem o espaço com trabalhos de artistas consagrados, como Vitor Brecheret.

Sandra carrega uma herança de abandono. O pai abandonou a mãe, que abandonou os filhos. E ela, por sua vez, entregou o filho de 1 ano num abrigo. “Um dia eu dormia num albergue, outro dia em outro albergue”, conta ela.

Todos esses novos artistas têm uma história de solidão e se sentiram acolhidos em oficinas de arte nas casas de conveniência que frequentam.

“A arte ajudou a pessoa a voltar para a infância, resgatar sonhos, a descobrir algo que não achava mais que fosse capaz”, diz Hedwig Knist, coordenadora das oficinas de arte.

http://video.globo.com/Videos/Player/Noticias/0,,GIM980119-7823-MORADORES+DE+RUA+EXPOEM+NA+PINACOTECA+DE+SP,00.html

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